Lesão do crânio e/ou encéfalo causada por agressão física
externa, que pode produzir alteração no nível de consciência e resultar em
comprometimento das habilidades cognitivas, físicas e comportamentais.
Principais causas de morte entre os jovens.
CAUSAS
Quedas (< 3 anos);
Acidentes automobilísticos (maiores e adolescentes);
Agressões (24% das lesões cerebrais < 2 anos);
Qualidade de atendimento = prevenção de lesões secundárias = melhor prognóstico;
5% das vítimas morrem no local do atendimento.
LESÕES PRIMÁRIAS
Pelo impacto
(gravidade da lesão), dois mecanismos:
1 - Traumatismo direto
Sangramentos de couro cabeludo;
Fraturas fechadas ou abertas ou afundamentos;
Hematoma epidural;
Contusões;
Lacerações cerebrais.
2 - Ações de forças
inerciais (Cisalhamento de neurônios e vasos)
Hematoma subdural;
Hemorragia subaracnóide;
Concussão;
Lesão axonal difusa;
Ruptura da dura-máter.
TIPOS ESPECÍFICOS DE TRAUMA CRANIANO
As lesões cerebrais são divididas em:
- Fratura de crânio;
- Lesão cerebral difusa;
- Lesão focal;
- Lesão penetrante;
- Lesões de couro cabeludo.
1 - Fratura de Crânio
A identificação é muito importante - possibilidade da
presença ou desenvolvimento de hemorragia intracraniana;
Paciente deve ficar sob observação.
Tipos:
- Fratura linear sem afundamento;
- Afundamento craniano;
- Fratura de crânio aberta;
- Fratura de base do crânio.
- Fratura linear sem afundamento
- Não requer tratamento específico;
- Observação se houver suspeita de lesão cerebral;
- Fraturas que cruzem leito vascular ou suturas cranianas - possibilidade de hematoma epidural.
- Afundamento craniano
- Pode não ser emergência cirúrgica, dependendo da lesão cerebral.
- Risco de sequelas graves e crises convulsivas de difícil controle.
- Geralmente o tratamento é cirúrgico, com retirada e elevação do fragmento ósseo.
- Fratura de crânio aberta
- Comunicação direta entre o escalpe lacerado e a substância cerebral;
- Condição diagnosticada por tecido cerebral visível ou perda de LCR (líquido cefalorraquidiano);
- Tratamento cirúrgico.
- Fratura de base de crânio
- Otoliquorréia;
- Rinoliquorréia;
- Equimose na região mastoidea (sinal de Battle);
- Sangue na membrana timpânica (hemotímpano);
- Equimose periorbitária (olhos de guaxinim).
Geralmente produzida por rápidos movimentos da cabeça
(aceleração e desaceleração).
- Concussão
- Distúrbio que não se associa a lesão anatomopatológica;
- Perda rápida das funções neurológicas, com possível confusão ou amnésia temporária;
- Perda temporária ou prolongada de consciência;
- O paciente pode apresentar cefaleia, náusea e vômitos, mas sem sinais de localização, devendo ficar em observação até cessar a sintomatologia.
- Lesão Axonal Difusa
- Coma prolongado;
- Lesão de alta velocidade com estiramento ou chacoalhamento do tecido cerebral;
- Mortalidade de 33%;
- Em casos mais graves, de 50%, geralmente por aumento da PIC secundária ao edema cerebral, causado por mini hemorragias (petequias) em substancia branca;
- Pacientes em coma – diagnóstico com posturas de descerebração ou decorticação.
3 - Lesão Focal
As lesões focais consistem em:
- Contusões;
- Hemorragias;
- Hematomas.
Normalmente exigem tratamento cirúrgico.
- Contusão
- Única ou múltipla;
- Geralmente associada a uma concussão;
- Caracteriza-se por longo período de coma e confusão mental;
- Pode ocorrer na área de impacto ou em áreas remotas (contragolpe);
- Lobos frontais e temporais são os locais mais comuns desse tipo de lesão.
- Hemorragia Intracraniana
Classifica-se em meníngea e cerebral. Devido a grande variação de local, tamanho e rapidez de sangramento, o quadro clínico também é variável.
Classifica-se em meníngea e cerebral. Devido a grande variação de local, tamanho e rapidez de sangramento, o quadro clínico também é variável.
# Hemorragia meníngea
- Se subdivide conforme sua localização:
•
Hematoma epidural;
•
Hematoma subdural;
•
Hemorragia subaracnóide.
- Hematoma epidural
- Coleção de sangue entre a dura e o crânio;
- Lesão de uma artéria dural - artéria meníngea média;
- Geralmente o tecido cerebral não é lesado;
- Evolução é rapidamente fatal;
- Lesão associada a fraturas lineares temporais ou parietais.
- Sinais e sintomas:
•
Perda de consciência seguida de um período de
lucidez;
•
Perda progressiva da consciência;
•
Hemiparesia e Anisocoria;
Se não tratado rapidamente pode evoluir para uma lesão
secundária devido o aumento da PIC.
- Hematoma subdural
- Mais comum que os hematomas epidurais,
- Ocorre por rotura de veias entre córtex e dura;
- A fratura de crânio está ou não presente;
- Prognóstico melhora quanto mais precoce a intervenção cirúrgica.
- A compressão cerebral lenta pela expansão do hematoma causará sintomas dentro de poucas horas ou dias:
§ Cefaleia;
§ Irritabilidade;
§ Vômitos;
§ alteração
do nível de consciência;
§ Anisocoria;
§ alterações
sensitivas e motoras.
- Hemorragia Subaracnóide
- Esse tipo de hemorragia leva a um quadro de irritação meníngea – sangue no LCR;
- Paciente queixa-se de cefaleia e/ou fotofobia;
- tratamento clínico.
# Hemorragia Intracerebral
- A perda sanguínea ocorre no próprio tecido cerebral.
4 - Lesões Penetrantes
- Penetração de corpo estranho intracraniano;
- Não deve ser removido no local - só deve ser retirado em centro cirúrgico;
- Fixá-lo se for o caso, para que ele não produza lesões secundárias no transporte.
- Ferimento por arma de fogo
- Quanto maior o calibre e a velocidade do projétil, maior a probabilidade de lesões graves e até letais.
- Cobrir a entrada e saída do projétil com compressa esterilizada até o tratamento neurocirúrgico ser providenciado.
- Ferimento de Couro Cabeludo
- Apesar da aparência dramática, o escalpe geralmente causa poucas complicações.
- A localização e o tipo de lesão nos dão a noção de força e direção da energia transmitida.
Perda sanguínea:
- O sangramento por lesão de couro cabeludo pode ser extenso e, especialmente em crianças, levar ao choque hipovolêmico; em adultos, sempre procurar outra causa para o choque.
- Localizar a lesão e parar o sangramento por compressão; a grande maioria dos sangramentos é controlada com aplicação de curativo compressivo.
CONDUTAS
Inspeção da lesão:
- Avaliar a lesão para detectar fratura de crânio, presença de material estranho abaixo da lesão de couro cabeludo e perda de líquor.
- Avaliar a gravidade: Anamnese + Exame físico.
- Sinais neurológicos focais;
- Fraturas com afundamento de crânio;
- Fraturas aberta;
- Lesões penetrantes;
- Glasgow < 10 sem causa definida;
- Convulsões;
- Uso de drogas;
- Alterações da perfusão cerebral;
- Fatores metabólicos.
ABORDAGEM CLÍNICA
- A-B-C-D;
- Exame da cabeça;
- Deformidade, edema e dor á palpação cervical à manter imobilização cervical;
- Lacerações e depressões em couro cabeludo à investigação de ferimento penetrante, corpo estranho, afundamento e lesões durais;
- Fraturas de base do crânio;
- Hemotímpano à fratura de temporal;
- Fontanela abaulada à HIC;
- Padrão respiratório;
- Exame neurológico:
Escala de Coma de Glasgow
Avaliação Pupilar
TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA
- Transporte imediato com aporte de oxigênio (a hipóxia agrava o edema cerebral);
- Cabeça elevada em 30°, o que facilita o retorno venoso, atenuando o edema;
- Havendo ferimento, enfaixar a cabeça, porém sem exercer pressão no curativo, pois em caso de fratura de crânio, a compressão pode lesar o cérebro com fragmentos ósseos, agravando o quadro;
- Evitar lesões secundárias, através da otimização da oferta e da diminuição do consumo cerebral de oxigênio;
- Manter vias aéreas pérvias;
- Manter normovolemia;
- Reposição deve ser feita preferencialmente com cristalóides;
- Evitar utilização de soro glicosado;
- Passagem de sonda vesical para controle do balanço hídrico;
- Sedação;
- Monitorização da pressão intracraniana (PIC), nos pacientes com traumas graves.
PREVENÇÃO
- Esportes e brincadeiras
- Capacetes para ciclismo, skate, patins e hipismo;
- Superfícies lisas e brinquedos com peso reduzido nos locais de recreação;
- Quedas
- Colocação de redes e grades nas janelas;
- Não utilizar andadores;
- Evitar lajes ou vãos livres altos;
- Usar portões próximos às escadas.
- Veículos Automotores
- Capacetes para motociclista e acompanhantes;
- Cinto de segurança em automóveis e próprio para criança no banco traseiro;
- Airbags como equipamento obrigatório;
- Prevenção e combate ao uso de álcool e outras drogas.
Por: Delvândio Carvalho
Enfermeiro Especialista
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